segunda-feira, 13 de março de 2017

Pela profissionalização da gestão nas estatais

Uma das primeiras declarações do atual Presidente da PETROBRAS noticiada pela imprensa foi de que, a partir daquele momento, não haveria mais aparelhamento político-partidário naquela companhia.

Nos Correios, porém, a direção política aqui colocada sustenta que a culpa da situação econômica da Empresa se deve aos técnicos que "sempre a dirigiram" (sic) e defende a indicação política, como consta na matéria do Diário do Grande ABC - link.

Observando as duas declarações nem parece que provenham de duas grandes organizações controladas pelo mesmo governo, afinal são diametralmente opostas.

Qual delas está correta? O que o Governo Federal pensa de suas estatais - quer ver sua gestão devidamente profissionalizada, como está fazendo na Petrobras e no BNDES, com resultados visíveis, ou pretende deixá-las confiadas a políticos e seus indicados, como tem feito nos Correios?

A privatização defendida como forma de resolver o problema caso não se queira políticos no comando da estatal não é solução para os brasileiros, que precisam de bons serviços, como os prestados pelos Correios nos rincões do País. É bem mais simples fazer o trivial e que o Governo Federal já está fazendo em outras estatais - profissionalizar a gestão, eliminando a interferência política.

E profissionalização de gestão não é apenas substituir um político por um empregado indicado por políticos. Isso não resolve. É necessário que toda a estrutura de direção e de gestão da Empresa seja confiada a pessoas com experiência e competência adequadas às respectivas funções. Áreas de negócios precisam ser dirigidas e geridas por quem entende profundamente desses negócios; áreas de operações precisam ser dirigidas e geridas por quem entenda profundamente dessas operações e assim por diante. Algo bem básico, que toda organização deveria seguir, mas que fica completamente deturpado quando o comando é confiado a políticos, por anos a fio, como tem acontecido nos Correios (diferentemente do que foi citado pelo entrevistado na matéria, como pode ser facilmente constatado consultando a lista de ex-Presidentes e ex-Vice-Presidentes da Empresa).

A culpa pelo estado de coisas criado nos Correios não é, portanto, dos trabalhadores. E mesmo que um político repita algo diferente à exaustão, não vai mudar a realidade. 

3 comentários:

  1. Marcos Cesar, teremos oportunidade de resposta neste Diário do ABC ? Os Correios precisam de um espaço pra resposta!!

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  2. Publicamos, como comentário por lá, esta postagem.
    Além disso, soube que entidades estão solicitando "direito de reposta", para publicarem suas posições em defesa dos trabalhadores.

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  3. Qualquer medida adorada que não venha acompanhada de gestão profissional não surtirá efeito. Continuaremos na mesma. É aquilo que chamamos de mais do mesmo. Isso começa com a seleção séria de Diretores Regionais que estejam comprometidos com a gestão e a recuperação dos Correios. Não passa somente por indicações políticas. Tenos graves desmandos internos, até mesmo por ignorância profissional. Recentemente me deparei com uma solicitação de mudança de um Gerente de Segurança Empresarial, que prefiro não citar a UF, que é um dos melhores que se tem e que tem apresentado resultados muito bons. O Diretor Regional simplesmente justificava que era para ajustar a sua equipe, mais nada. Nem uma vírgula referente aos seus projetos de melhorias de processos ou de gestão (se é que os tem). Uma iniciativa absurda e assim pode estar se posicionando em relação a outros órgãos regionais. Uma visão míope, que pode estar contaminada por desejos de aparelhamento interno do órgão ou atendimento de demanda de ingerência política regional. Não mudou o gestor até agora por que reagimos. Esse tipo de procedimento faz muito mal para qualquer organização, desprezando todo o histórico de realizações ou de continuidade de processos, descartando as boas práticas e começando tudo do zero, já que o novo "gestor" desconhece a área onde seria alocado e se tiver competência levará tempo demais para responder às necessidades de curtíssimo prazo pelas quais a Empresa padece. Aí se vê uma grave ausência de gestão profissionalismo na gestão. Parabéns pelo artigo.

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