terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A venda do SEDEX (?)

Alguns colegas me enviaram a matéria da Isto É intitulada "A venda do Sedex" e um deles me indagou se não iria postar algo no blog sobre minha posição a respeito do tema.

Atendendo ao colega, informo o seguinte:

Primeiramente, não creio que fosse possível separar o SEDEX do restante da Empresa, para poder "vendê-lo", em função do compartilhamento de estruturas largamente utilizado nos Correios e das imensas dificuldades para segregar custos. Assim, independentemente de qualquer outra coisa, vender o SEDEX não seria nada simples.

Outra questão, de fundo mais estratégico, é a motivação para algo assim. O SEDEX é líder de mercado e já conta com infraestrutura montada. Como tal, possui imensas possibilidades de desenvolvimento, diversificação etc, enfim de continuar sendo um dos dois principais serviços dos Correios. Por que uma empresa se desfaria de algo assim? Quanto valeria um ativo tão estratégico como este?

Se fosse para se capitalizar, haveria outras alternativas bem mais simples de serem implementadas. Bastaria, por exemplo, a Empresa buscar ativamente parceiros para desenvolver novos negócios, como está fazendo com o serviço de telefonia celular, entrando na parceria com sua marca, sua rede de atendimento, sua logística etc. Em alguns casos, talvez seja até possível receber um valor de entrada no negócio do parceiro, como foi feito anteriormente com o banco postal. Por que não seguir este caminho, que agrega negócios ao portafólio da Empresa, em vez de pensar em "vender as jóias da coroa"?

Se fosse apenas para privatizar, por uma questão ideológica ou de outra ordem, também não vejo muito sentido, posto que o SEDEX concorre com milhares de outros players no mercado, alguns dos quais controlados por grandes multinacionais e até por outros correios. Nesse mercado dinâmico, o SEDEX leva as encomendas ao país todo, dando aos brasileiros de todos os municípios uma opção de serviço expresso que, diferentemente dos oferecidos por alguns concorrentes, não se limita apenas às grandes cidades. Com sua abrangência, o SEDEX viabiliza os negócios de milhares de empresas, as quais, com esse apoio dos Correios, estendem seu balcões a todo o País. Trata-se, portanto, de um serviço que, embora não esteja sujeito a normas de universalização, funciona como infraestrutura básica importante que democratiza o acesso das pessoas e das empresas a remessas expressas de documentos e de mercadorias em todo o País.

Por tudo isso, não vejo pessoalmente nenhuma razão para se cogitar algo como "vender o SEDEX", como é mencionado na matéria transcrita a seguir.

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A venda do Sedex
Brasil Confidencial - Isto É

http://istoe.com.br/parece-bbb-mas-e-bb/
Enquanto a gestão Michel Temer prepara o lançamento de uma série de concessões para este semestre, setores do governo, como Fazenda, já voltaram a discutir a privatização do Sedex. A ideia é lançar edital no ano que vem para vender a empresa de entrega de volumes que hoje pertence aos Correios e é um dos seus setores mais lucrativos. Ainda bateram o martelo que em 2018 vai acontecer a venda de parte de produtos da Caixa Econômica Federal não ligados à habitação, como loterias, seguros e cartão de crédito.

2 comentários:

  1. Prezado Marcos,
    Não consegui postar no blog, mas segue minha opinião sobre o tema “A VENDA DO SEDEX”:
    Marcos, você listou realmente todos os quesitos que fazem com que haja tantos interesses no SEDEX. Na atual forma de atuação dos dirigentes da ECT, eu sinceramente não me admiraria de nada. Afinal, já começaram com o E-SEDEX que pra mim não deveriam extinguir nunca, mas apenas ajustar de forma que a ECT tenha o retorno desejado.
    Atte,
    Ajax Do Socorro Costa Braga

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  2. Quando vi a matéria, considerei o jornalista um tanto ingênuo, lançando num periódico de circulação nacional notícia tão alarmante quanto descabida. Seria o equivalente à Rede Globo vender suas novelas diárias.

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