Respondo diariamente a perguntas de colegas sobre a possibilidade de a Empresa ser privatizada.
Em minha opinião, a Empresa presta serviços de cunho nitidamente público, o que a credencia a continuar sendo vista como parte integrante do Estado, em consonância com as previsões constitucionais e legais existentes.
Com bons resultados, adequada qualidade de serviços e equilíbrio econômico-financeiro, os Correios poderiam continuar sendo um exemplo de organização estatal que cumpre bem sua missão. Não vejo nenhuma impossibilidade nisso, pois a Empresa possui ótimos fundamentos, uma infraestrutura portentosa já instalada e um quadro de pessoal experiente. A própria história da Empresa é prova disso.
O que lhe falta então para retomar esse trilho?
A resposta é simples e direta: uma gestão qualificada, à altura das necessidades de uma grande organização.
A fórmula de loteamento político está esgotada e já se mostrou completamente ineficaz e nociva.
Uma grande empresa merece uma direção à altura de seus desafios, que cumpra à risca todas as exigências legais existentes para o exercício do cargo de dirigente e se disponha a liderar de fato a organização, assegurando seu desenvolvimento.
Dirigir os Correios não é uma tarefa banal, que possa ser confiada a um indicado político para agradar seu padrinho, seja ele quem for.
O Estado precisa que seus investimentos - suas estatais aí incluídas - sejam muito bem geridos, com profissionalismo e técnica. E isso vale também para os Correios, pois, diferentemente do que pensam alguns que só conhecem a Empresa pelo carteiro de sua rua ou por uma agência de seu bairro, trata-se de uma organização complexa e de grande porte, que está entre as 20 maiores empresas de correios do mundo em faturamento, contando com mais de 115.000 empregados diretos, o que demandaria de seus dirigentes, entre outras coisas, experiência em gestão estratégica de grandes empreendimentos de porte similar aos Correios e conhecimento dos negócios onde a Empresa atua.
Ainda espero que nossos governantes percebam esse quadro e corrijam os rumos que parecem hoje colocados, pois será lamentável ver o Governo Federal mais à frente falando em privatização por não ter escolhido bem os dirigentes dos Correios. Um erro não pode levar a outro.