segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Sobre privatização e direção qualificada

Respondo diariamente a perguntas de colegas sobre a possibilidade de a Empresa ser privatizada.
Em minha opinião, a Empresa presta serviços de cunho nitidamente público, o que a credencia a continuar sendo vista como parte integrante do Estado, em consonância com as previsões constitucionais e legais existentes.
Com bons resultados, adequada qualidade de serviços e equilíbrio econômico-financeiro, os Correios poderiam continuar sendo um exemplo de organização estatal que cumpre bem sua missão. Não vejo nenhuma impossibilidade nisso, pois a Empresa possui ótimos fundamentos, uma infraestrutura portentosa já instalada e um quadro de pessoal experiente. A própria história da Empresa é prova disso.
O que lhe falta então para retomar esse trilho?
A resposta é simples e direta: uma gestão qualificada, à altura das necessidades de uma grande organização.
A fórmula de loteamento político está esgotada e já se mostrou completamente ineficaz e nociva.
Uma grande empresa merece uma direção à altura de seus desafios, que cumpra à risca todas as exigências legais existentes para o exercício do cargo de dirigente e se disponha a liderar de fato a organização, assegurando seu desenvolvimento. 
Dirigir os Correios não é uma tarefa banal, que possa ser confiada a um indicado político para agradar seu padrinho, seja ele quem for.
O Estado precisa que seus investimentos - suas estatais aí incluídas - sejam muito bem geridos, com profissionalismo e técnica. E isso vale também para os Correios, pois, diferentemente do que pensam alguns que só conhecem a Empresa pelo carteiro de sua rua ou por uma agência de seu bairro, trata-se de uma organização complexa e de grande porte, que está entre as 20 maiores empresas de correios do mundo em faturamento, contando com mais de 115.000 empregados diretos, o que demandaria de seus dirigentes, entre outras coisas, experiência em gestão estratégica de grandes empreendimentos de porte similar aos Correios e conhecimento dos negócios onde a Empresa atua.
Ainda espero que nossos governantes percebam esse quadro e corrijam os rumos que parecem hoje colocados, pois será lamentável ver o Governo Federal mais à frente falando em privatização por não ter escolhido bem os dirigentes dos Correios. Um erro não pode levar a outro.

4 comentários:

  1. Bom dia Marcos, dou-lhe os parabéns pelo artigo que resume muito bem os anseios de todos os profissionais dos correios que realmente compreendem a atual situação da empresa.
    Contudo pergunto se a vossa opinião é compartilhada pelos demais conselheiros, e o que os conselheiros podem fazer para que caminhemos na direção da solução proposta?

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  2. Tiago, não posso responder pelos demais conselheiros. Continuaremos defendendo essa posição.

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  3. Bom dia Marcos e a todos que lêem estes comentários.

    De fato Marcos, necessitamos de pessoas qualificadas no comando da ECT, a começar pelo seu representante maior, o Presidente, chefes de Departamentos e Vice-presidências. Como pode se falar em profissionalismo, meritocracia, gestão qualificada sem que isso aconteça com quem deve dar exemplo? .... que moral possuem para falar ou criticar, essas pessoas que são beneficiadas exatamente pela prática do loteamento político ou QI? Louvo e lhe parabenizo pela postura que defende junto aos demais membros desse conselho.

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  4. Olá Marcos, sou leitora assídua do blog e também, dos boletins que recebo via e-mail. Quero aqui deixar registrado o meu reconhecimento ao excelente trabalho que você vem prestando no CA. Compactuou com várias de tuas ideias sobre a questão das nomeações na Empresa. Não é possível caminhar numa estrada que leva a dois caminhos. Não é possível salvar a Empresa de todo esse desgaste ético, moral, financeiro, estrutural, ect, sem que haja pessoas a frente com compromisso e preparo. Vivenciamos ao longo dos últimos 12 anos um ganho relativizado para a classe de nível médio, sobretudo a de carteiros, com a aprovação dos 30%. Em contrapartida, as demais área sucumbiram ao fracasso. A empresa foi gerida por pessoas incompetentes, despreparadas e sem compromisso com ela e com seus empregados, dependentes, fornecedores e toda a sociedade. Entregando um péssimo serviço, manchou sua imagem e corre o risco de ser privatizada sim, uma vez que não havendo lucro, como irá sobreviver? Não é uma autarquia ou fundação mantida por terceiros. É uma empresa. E toda empresa precisa gerar dividendos para seus investidores.
    Essa praga da administração petista enraizou-se e hoje, colhemos os seus frutos. Na mudança do cenário político tínhamos esperança de uma gestão técnica, eficiente, que pudesse fazer algo em tempo. Novamente, mais uma vez prevalece na Empresa a insensatez, o desequilíbrio, a busca pelo interesse pessoal. Mais uma vez, observamos negociatas em troca de funções na empresa. Mais uma vez a nossa Empresa, o nosso ganhão pão, virou uma extensão de um determinado partido político. Pessoas vem de fora, derrubam os manuais, e nós, empregados agimos calamos, como se fossemos surdos, mudos, cegos, mancos e retardados. A impressão que dá é que não temos ninguém por nós. Que estamos fadados aos desmandos e descalabros dessa politicagem imunda, nesse covil que se transformou a Empresa.

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